BRASIL – Nesta sexta-feira (24), o conselho diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou as regras gerais para a implementação do 5G no Brasil e marcou a data do leilão da tecnologia para o dia 4 de novembro.
Na reunião extraordinária foram discutidos os últimos ajustes para a licitação das radiofrequências 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. Este será o maior leilão já realizado pela instituição.
A decisão prevê que as operadoras envolvidas comecem a oferecer o sinal de 5G até 31 de julho de 2022. Os prazos estipulados são os seguintes:
5G disponível nas capitais brasileiras até 31 de julho de 2022;
Em cidades com mais de 500 mil habitantes até 31 de julho de 2025;
Em municípios com mais de 200 mil habitantes até 31 de julho de 2026;
Cidades com mais de 100 mil habitantes até 31 de julho de 2027;
Enquanto nas com mais de 30 mil habitantes até 31 de julho de 2028.
Nas palavras do Ministro das Telecomunicações, Fábio Faria: “o 4G revolucionou a vida das pessoas e o 5G vai revolucionar as indústrias”.
Enquanto esperamos os próximos passos para a implementação do 5G no país, separamos as principais informações e dúvidas sobre essa tecnologia que promete impulsionar o mercado.
Assim, você pode entender melhor como ela funciona, quais as principais mudanças que podem ocorrer após a sua implementação e até mesmo quando ela começará a efetivamente funcionar em território nacional. Fique por dentro!
Quando o 5G começa suas operações?
Quando o 5G chega ao Brasil é há algum tempo uma incógnita. Isso porque precisa acontecer uma porção de procedimentos antes da tecnologia efetivamente estar disponível ao mercado e poder, de fato, ser utilizada. O processo do leilão que está para ser definido é uma das principais partes desses procedimentos.
A previsão inicial para a conclusão do leilão do 5G era julho, porém o processo foi, por vezes, adiado. Agora, a nova expectativa ficou para outubro. Resta esperar o desdobramento do processo para ter uma data final, de fato.
No leilão do 5G, serão ofertadas quatro faixas de frequência (700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz). Destas, duas serão inicialmente híbridas, capazes de distribuir os sinais de quarta e quinta geração de redes móveis em diferentes espectros.
Vale citar também que o ministro Fábio Faria já discutiu com operadoras um prazo limite para a implementação das estruturas que darão suporte à tecnologia em solo nacional. Assim, a estimativa é de que as implementações comecem em 2022, mas podem ir até 2028 – é nesse ano que espera-se que o 5G esteja em pleno funcionamento.
Ou seja, ainda tem muito chão para percorrer.
Apesar disso, a expectativa é de que, a partir de 2022, já possamos ver os primeiros passos do uso do 5G na prática, habilitando o uso da telemedicina, o surgimento de fábricas completamente conectadas, além dos tão estimados veículos autônomos.
Como funciona o 5G?
As redes 5G funcionam via radiofrequência, da mesma forma que as gerações anteriores. Assim, o que muda da tecnologia nova para as antigas é, basicamente, o espectro coberto que, no caso do 5G, é expressivamente maior. Até por isso que será possível uma maior velocidade, com menor latência e maior cobertura.
Por aqui, os planos do 5G englobam, a partir de 2022, o funcionamento da tecnologia de forma híbrida: uma mistura entre 5G standalone (que não depende da tecnologia 4G) e 4G.
Para saber como funciona toda a tecnologia a fundo, você pode acessar este material aqui, que o Olhar Digital te explica com detalhes.
Inclusive, nós chegamos testar como funciona o 5G em um dos países em que a tecnologia já foi habilitado: na Coreia do Sul. Se quiser saber como foi a experiência, acesse este especial aqui.
Por que o 5G é perigoso?
Bom, essa é uma pergunta recorrente, porque a tecnologia é muito nova e muitas pessoas possuem receio de que a radiação por ela emitida pode trazer danos à saúde – mas isso é uma inverdade.
De fato, alguns estudos foram conduzidos para averiguar a segurança do 5G quando em contato com humanos e alguns resultados apontaram para um patamar seguro.
Um estudo publicado em março deste ano no periódico Journal of Exposure Science & Environmental Epidemiology, por exemplo, avaliou 107 trabalhos experimentais sobre o assunto, a fim de investigar os possíveis efeitos biológicos adversos.
“Em conclusão, uma revisão de todos os estudos não forneceu evidências comprovadas de que as ondas de rádio de baixo nível, como as usadas pela rede 5G, são perigosas para a saúde humana”, explicou, por meio de comunicado, Ken Karipidis, diretor da Agência Australiana de Proteção à Radiação e Segurança Nuclear (ARPANSA) – uma das organizações que conduziu estudos sobre esse tópico.
Já falamos aqui no Olhar Digital sobre os possíveis danos que o 5G poderia representar à saúde humana. Você pode saber mais detalhes neste especial aqui.
Por que o 5G é importante?
O ministro Fábio Faria, em um de suas muitas declarações sobre o tema, chegou a afirmar que “o 4G revolucionou a vida das pessoas e o 5G vai revolucionar as indústrias”. Em resumo, o 5G irá impactar diferentes setores da economia, como comércio e indústria, além de usuários finais.
Faria já chegou afirmar que acredita que o 5G irá gerar US$ 1,2 trilhão em investimentos diretos e indiretos no país.
Na prática, espera-se que a chegada do 5G traga não apenas melhor conectividade para todos, mas também traga eficiência produtiva e gere empregos.
Em 2017, um estudo da Qualcomm estimava que o 5G poderia gerar 22 milhões de empregos e produzir até US$ 12,3 trilhões em bens e serviços até 2035.
Uma previsão atualizada divulgada no final de 2020 pela empresa, por meio do estudo IHS Markit 2020 5G Economy Study e cuja finalidade era informar a nova perspectiva considerando também os impactos da pandemia, chegou à conclusão de que espera-se um crescimento de 10,8% no investimento global de 5G e de Pesquisa e Desenvolvimento pelos próximos 15 anos, com vendas globais somando US$ 13,1 trilhões.
Além disso, especificamente para o Brasil, espera-se que o 5G impulsione o campo, que é um dos principais setores econômicos do país. A evolução deve ser grande, visto que hoje, mais de 70% das propriedades rurais em solo nacional ainda não possuem acesso à internet, segundo dados Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística (IBGE). A ideia é que a chegada do 5G mude esse quadro.
Qual a vantagem da tecnologia 5G?
Antes de falar sobre alguns usos para o 5G aqui no Brasil, vale a pena dizer quais são as principais vantagens desse novo padrão. Em resumo, são dois os principais pontos: baixíssima latência e alta velocidade.
Na prática, o 5G dará a possibilidade de acesso a conexões entre 1 e 10 Gbps — sendo que cada Gigabit/s corresponde a 125 Megabytes/s. o 5G promete latências entre 5ms e 20 ms, que permitirão tempos de resposta mínimos.
Nesse sentido, quem gosta de jogar online poderá contar com uma conexão sem aqueles típicos “engasgos” que atrapalham a experiência online, por exemplo. Mas não é somente isso: esses dois atributos também contibuem com o funcionamento mais fluido em outros cenários como telemedicina, óculos de realidade aumentada, comunicações entre carros autônomos, serviços de inteligência artificial e nuvem, entre outros.
Você pode saber mais sobre como a latência interfere diretamente no seu dia a dia, acessando este especial do Olhar Digital sobre isso.
Como são as antenas 5G?
Como dissemos anteriormente, o 5G funciona por meio de radiofrequência, da mesma forma que as gerações anteriores. E da mesma forma funcionam as antenas.
Para que o 5G funcione, no entanto, será necessário adaptar a infraestrutura já existente, além de investir na construção de mais infraestrutura (o que, em termos práticos, significa muito investimento financeiro por parte das empresas que ficarem responsáveis por essa demanda).
Para se ter ideia: em solo nacional, hoje, existem cerca de 100 mil antenas já instaladas. Para que o 5G funcione adequadamente e com qualidade, será necessário quadruplicar esse número.
Mas, o principal desafio das antenas para o 5G hoje é, de fato, as regulamentações já existentes nos municípios brasileiros. Até por isso foi feito o Decreto 10.480/20, que visava regulamentar a Lei das Antenas e abarcar segurança jurídica aos investidores para seguir com normas que possibilitem essas mudanças.
Tem antena 5G no Brasil?
Sim! Por aqui, a primeira antena com esse foco foi construída na área rural, em uma fazenda-modelo do Instituto Mato-Grossense de Algodão (IMAmt), em Rondonópolis, Mato Grosso.
A previsão é de que, até julho de 2022, 3,8 mil antenas estejam implementadas e estejam em funcionamento nas 27 capitais.
Além disso, há experimentos e centros de inovação voltados para estudos e pesquisa com 5G. Em julho deste ano, por exemplo, a Huawei investiu milhões na inauguração do centro de inovação 5G em São Paulo capital.
A expectativa é de que, até o fim de 2021, o Ministério das Comunicações apresente um total de 20 pilotos com a finalidade de demonstrar o uso da tecnologia nas mais diversas áreas. Um deles, por exemplo, foi apresentado em maio pela TIM e pela Ericsson: o projeto-piloto de segurança pública desenvolvido sobre uma rede 5G Standalone (5GSA).
Quais são as cidades com 5G no Brasil?
No Brasil, até o momento, as empresas oferecem uma versão “light”, por assim dizer, do 5G. É uma modalidade chamada DSS, que usa uma porção das faixas de radiofrequência, redistribuindo essas faixas que são utilizadas na rede 4G.
Ou como explica o presidente global da Qualcomm, Cristiano Amon, em entrevista recente ao Olhar Digital: “A tecnologia permite criar uma rede 5G na frequência do 4G, sem precisar desligar um para ligar outro. É uma forma de introduzir usuários na rede 5G sem ter que limpar o espectro.”
Inclusive, a entrevista está bem legal e explica sobre o funcionamento do 5G DSS, o que ele significa na prática para os usuários e sobre adesão e investimentos do 5G no Brasil e no mundo. Clique aqui para ler a matéria completa.
Mas, respondendo à pergunta inicial e considerando esse tipo de implementação atualmente, algumas cidades que possuem a cobertura incluem: Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campinas (SP), Curitiba (PR), Goiânia (GO), Guarulhos (SP), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Rio Verde (GO), Salvador (BA), Santo André (SP), Santos (SP), São Bernardo do Campo (SP), São Caetano do Sul (SP) e São Luís (MA), só para mencionar algumas.
Vale ressaltar que nem todos os bairros das respectivas cidades estão com a rede ativada pelas operadoras, então é um uso ainda limitado.
Fonte – Olhar Digital